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Trabalho e Maternidade: uma reflexão para o Dia das Mães

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Escrito por:Tamires Menezes

Copywriter da Empodera- Mulher negra, publicitária com MBA em Big Data e Inteligência de Marketing. Possui mais de 05 anos de experiência em marketing digital, pautada na publicidade contraintuitiva- ferramenta de enfretamento e problematização de estereótipos e preconceitos sociais recorrentes nos circuitos midiáticos brasileiros.

5 maio, 2022

Algumas empresas já estão mais engajadas e evoluídas sobre questões relacionadas à diversidade e inclusão, mas essas ações ainda são muito embrionárias. É preciso percorrer um longo caminho para desconstruir essa cultura de constrangimentos, segregação e atos desrespeitosos presentes na nossa sociedade e mercado de trabalho.

Mais do que prestar homenagens por todo o amor, carinho e dedicação que as mães têm com seus filhos, a Empodera quer reforçar o seu compromisso de persistir lutando por um ambiente corporativo inclusivo e diverso. E hoje, especificamente, vamos falar sobre mães no mercado de trabalho.

Apesar dos direitos trabalhistas garantidos tanto na Constituição, a lei maior do país, quanto na CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho, muitas empresas ainda se mostram relutantes em cumprir o que é exigido por lei. Por isso, muitas mulheres ainda são discriminadas por sua condição, ou desistem de viver seu sonho da maternidade por medo de perder o emprego.

Além dos inúmeros casos de mulheres que são desligadas após o período obrigatório garantido por lei, A PNAD também demostrou que no período da pandemia o desemprego entre as mulheres teve uma taxa maior do que ocorrido pelos homens, sem falar que o esgotamento físico e mental foi ainda maior entre as mulheres. *

Por este motivo, achamos importante começarmos este bate-papo sinalizando os direitos garantidos por lei, para que você possa conferir os direitos dessas profissionais e descobrir se a sua empresa está de acordo!

– Não ser discriminada;

– Estabilidade provisória garantida;

– Licença-maternidade;

– Direito a amamentação adequada;

– Dispensa para consultas médicas;

– Repouso por aborto espontâneo;

– Mudança de função dentro da empresa;

– Auxílio-creche para a criança.

Ainda que estejam assistas pela lei, essas profissionais são submetidas a barreiras, que não se limitam somente aos processos seletivos, visto que elas ainda precisam lidar com vieses inconscientes e culturas organizacionais que não são pensadas para elas.

Em meio a esse cenário, a Empodera convidou algumas mulheres, mães e profissionais a aproveitarem esse espaço para dividirem suas experiências por meio de depoimentos que mostram a urgência da transformação do ambiente corporativo. Confira:

 

Adalgisa Ferreira, fisioterapeuta, mãe do Marcos, 40 anos, Aline, 39 anos e Tamires, 32 anos: 

Quatro pessoas abraçadas e segurando uma bebê no centro: homem preto de cabeça raspada, de camisa preta, mulher preta de cabelo curto, top amarelo e calça estampada com amarelo, mulher preta de vestido vermelho segurando um bebê preto com faixa vermelha na cabeça e macacão vermelho e mulher preta com cabelo curto e pintado de loiro e vestido estampado com amarelo e marrom

 

Eu fui mãe aos 15 anos e a gente sabe que as estatísticas apontam que adolescentes quando engravidam, interrompem sua escolarização e formação profissional. Eu, contrariando essas estatísticas, me mantive na escola. Ainda que na época, não existisse creches para colocar meus filhos. Minha única rede de apoio foram as minhas mulheres né?! Minha mãe e irmãs, mas ainda assim não foi nada fácil.

Nota da editora: Enquanto chorava, Adalgisa, nos contou que o choro era de emoção por olhar para trás e perceber que conseguiu furar essa onda e não se afogar na praia.

Ter três filhos pequenos, trabalhar e estudar é um grande desafio. Quando cheguei na faculdade, eu já tinha dois filhos. Era muito difícil todo esse processo de colocar os filhos na escola, correr para a faculdade e depois ir para o trabalho. Era mais difícil ainda contar com ajuda de pessoas que nem sempre estavam disponíveis.

Eu deixava os meus dois filhos mais velhos na escola e depois ia para faculdade com o meu bebê. Uma vez, fui chamada atenção pela diretora, que disse que preferia ignorar meu bebê, para não ter que tomar uma atitude contra mim e me colocar para fora de sala de aula. Mas depois que mudou a coordenação para um homem, a situação que já não era boa, piorou drasticamente.

‘Você tem que ter inteligência e fazer uma opção, porque não combina colocar na mesma frase: mulher, mãe, estudante e trabalhadora. Alguma coisa está errada e você tem que escolher.’ Isso foi uma das piores coisas que eu escutei nesse meu processo de formação e amadurecimento pelo coordenador do curso que me reprovou por falta, sem eu nunca ter faltado a nenhuma aula (mas chegava atrasada, pois eu precisava deixar duas crianças em escolas diferentes, antes de correr com o bebê para sala de aula).

Eu não escolhi, mas não foi fácil. Eu levei 10 anos para fazer uma faculdade, e tive que estudar de madrugada para dar conta das coisas durante o dia. Às vezes, a pessoa que eu pagava para olhar as crianças não aparecia e eu me via sem opções.

Hoje, sou funcionária pública aposentada. Meus filhos são adultos, formados, com suas famílias, mas só nós quatro sabemos as barreiras que enfrentamos por eu ser mãe solo e tão nova.”

 

Maria Aline Menezes, advogada, mãe da Lorena, 2 anos e 4 meses

Mulher preta de cabelo curto e grisalho, calça jeans e blusa de alça azul, segurando uma bebê preta de com tiara de coroa e vestido de princesa amarelo e tênis branco

 

“Não tem muito para onde correr! Normalmente, profissionais liberais, como advogadas, optam por adiar os planos de ter filhos ou até mesmo desistem do sonho da maternidade por medo de não alcançarem um bom desempenho ou serem julgadas negativamente no trabalho.

Aos 37 anos, me vi dividida entre lutar pela carreira e ser mãe. A urgência pelo sonho da maternidade falou mais alto e enfim tive minha tão desejada filha.

Ainda nos primeiros meses de vida da Lorena, veio a pandemia. Um período assustador e devastador, mas que eu pude passar direto com a minha filha. Quando as coisas voltaram a normalizar, não vi outra alternativa a não ser colocá-la na escolinha, enquanto eu trabalho.

Mas como não sentir culpa por, às vezes, não me dedicar tanto a um como o outro? A maioria das mães que trabalham fora, entendem esse lugar que por muitas vezes nos colocamos, mas que não nos pertence.

Essa culpa que carregamos nada mais é que os apontamentos que nos são feitos por escolhermos tudo: ser mãe, ser mulher, ser profissional.”

 

Camila Lima, autônoma, mãe da Sofia, 2 anos e 5 meses:

Mulher branca deitada de lado, com camisa azul e usando óculos ao lado de uma bebê branca usando um casaco rosa e sorrindo

 

“Eu engravidei e tive a Sofia em Portugal, mas precisei voltar para o Brasil quando veio a pandemia e eu me vi sem nenhuma rede de apoio.

Ser mãe já não é uma tarefa fácil, mas você vê, literalmente, o mundo te virar as costas quando a sua a criança é atípica.

Aos olhos do mercado de trabalho, mães atípicas não são bem-vindas. Por isso, muitas de nós acabamos no mercado informal ou empreendendo como podemos.

A Sofia é uma criança espetacular e feliz, mas precisa de muitos cuidados. Preciso acompanhá-la em terapias, acalmá-la em suas crises e estar em contato direto com ela. Como ficar em algum emprego, quando minhas demandas jamais serão aceitas por qualquer empresa?

Sentir na pele esse desprezo do mundo corporativo dói, mas eu não posso parar! Atualmente trabalho em uma plataforma online de serviços dos EUA. No Brasil, é quase impossível para uma mãe de criança com Transtorno do Espectro Autista severo conseguir uma colocação no mercado de trabalho.

Eu tenho muitos gastos mensais com a Sofia, que exige cuidados especiais. Em contrapartida não consigo um emprego no Brasil que entenda a agenda de uma mãe de criança com TEA. A conta simplesmente não fecha: tenho muitos gastos, mas não tenho um emprego.”

 

Mylena Braga, SDR- Diversidade e Inclusão, mãe do Gael, 5 anos:

Mulher preta de cabelo curto e pintado de loiro, sorrindo e usando óculos, cordão de conta , camisa branca e vestido preto com quadriculados brancos vazados e de alça fina por cima abraçada a um menino de cabelos encaracolados, blusa branca e abraçado a um gato preto

 

“Há 5 anos sou mãe, e há 8 meses trabalho de home-office. Como amo desafios e precisava de trabalho, esse tempo tem sido uma das maiores resiliências da minha vida.

Por vezes recebemos o título de heroína por conciliar tanta coisa ao mesmo tempo. Pode ser sim uma habilidade nossa, mas carregar tanto nas costas sozinha não deveria ser algo para ser parabenizado.

Escolher ser profissional, além de mãe, é sobre dar continuidade a nossa personalidade e individualidade, enquanto seres sociais que possui sonhos. E muitos não estão prontos para entenderem que os cuidados de uma criança não precisam ser unicamente da mãe.

Hoje realizo um sonho de poder me desenvolver profissionalmente e também estudar. No último ano, me emocionei diversas vezes me reencontrando comigo mesma, após um tempo me dedicando exclusivamente à maternidade.

Assim como sonhei em ser mãe um dia, ainda sonho com um outro filho. Adoro crianças e amo ensinar. Mas antes disso quero garantir que meus direitos como mãe sejam legítimos. Sonho que um dia os pais também sejam vistos como cuidadores. Dessa forma, a sociedade e as empresas vão deixar de nos discriminar por engravidar, sendo o homem também um procriador.

Enquanto não encontro essa cultura por aí, apenas sonho e faço malabarismos com a maternidade e a vontade de alcançar os meus maiores sonhos. Porque sim, somos mulheres capazes de tudo que nos propusermos a fazer, principalmente quando temos uma rede de apoio e de um pai que também cuida.

Não somos heroínas, somos humanas. Temos objetivos pessoais e precisamos de suporte.”

 

Na Empodera, acreditamos que compartilhar vivências, é uma das melhores formas de sensibilizar o próximo sobre as realidades alheias, e até por isso que o primeiro passo na jornada de mudança da cultura é o sensibilizar. Esta é a importância de falarmos e refletirmos sobre o tema, e por isso perguntamos a você: como sua empresa está lidando com profissionais que são mães e com mulheres que pretendem ter filhos? Se você acha que pode melhorar, mas não sabe por onde começar, conte com a Empodera!

Quer saber mais como a Empodera pode te ajudar a acelerar a jornada de mudança para Cultura inclusiva da sua empresa? Preencha o formulário abaixo, para que um especialista entre em contato com você

 

* fonte: https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/ser-mulher-e-na-pandemia-e-encarar-mais-demissao-violencia-esgotamento-mental-e-baixos-salarios/

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