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05 Heróis Essenciais para Abolição da Escravatura

Retrato de Luís Gama, Dragão do Mar, André Rebouças, Maria Firmina Reis e José do Patrocínio com a seguinte frase acima: "05 heróis negros essenciais para abolição da escravatura"

Categoria(s): Para Empresas | Racial | Sem categoria

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Escrito por:Tamires Menezes

Copywriter da Empodera- Mulher negra, publicitária com MBA em Big Data e Inteligência de Marketing. Possui mais de 05 anos de experiência em marketing digital, pautada na publicidade contraintuitiva- ferramenta de enfretamento e problematização de estereótipos e preconceitos sociais recorrentes nos circuitos midiáticos brasileiros.

18 maio, 2022

No último dia 13 de maio, completaram-se 134 anos da assinatura da lei Áurea pela princesa Isabel, mas ao contrário da história fantasiosa que tentaram vender durante muitos anos, a assinatura foi resultado de um processo amplo que envolveu intensa batalha dos movimentos abolicionistas, da luta dos movimentos negros e da pressão de outros países.  

A partir desta data, a escravidão passou a ser considerada crime, mas a abolição não significou a garantia da inclusão social, cultural e econômica da população negra. O desamparo do governo e a falta de indenização por anos de escravidão contribuíram na marginalização dessa população, e isso reflete em como a sociedade brasileira se estruturou ao longo dos anos e ainda hoje afeta a falta de acesso a oportunidades. 

Apesar de todas as dificuldades, 13 de maio é um marco da sociedade brasileira conquistado com muito suor e sangue da população negra. Pautas antirracistas devem ser debatidas, ações precisam ser colocadas em prática por um mundo mais inclusivo e o protagonismo dos verdadeiros heróis da abolição da escravatura deve ser celebrado. Por isso, a Empodera listou 05 protagonistas na luta pelo fim da escravidão que merecem ser homenageados. Confira: 

Retrato preto e branco com enquadramento PP (primeiro plano) de Luís Gama, homem negro de roupa social, cabelo crespo e barba grande grisalha

LUIS GAMA, O MAIOR ABOLICIONISTA DO BRASIL 

Escritor, jornalista e advogado, nascido em 1830 de mãe negra livre e pai branco, Luís Gama, é considerado por muitos como o maior abolicionista do Brasil. 

Aos 10 anos de idade, Luís Gama foi utilizado como empregado doméstico na fazenda de Cardoso, após ser escravizado e vendido ilegalmente pelo próprio pai para o pagamento de uma dívida de jogo. 

Durante o seu período em cativeiro, aprendeu a ler e escrever por influência de Antônio Rodrigues de Araújo, hóspede de seu escravizador. Depois disso, percebeu que havia sido escravizado ilegalmente e decidiu fugir para a cidade de São Paulo, onde conseguiu sua liberdade judicialmente. 

Mais tarde, tornou-se rábula, isto é, advogado sem formação acadêmica, ao estudar a profissão como autodidata, já que foi vítima de racismo pelos seus colegas de classe ao tentar frequentar o curso de direito como ouvinte na Faculdade do Largo de São Francisco. 

Luís Gama foi um dos maiores abolicionistas do Brasil na segunda metade do século XIX. Atuou ativamente na libertação de escravos nos tribunais e foi bem-sucedido em garantir a liberdade de mais de 500 cativos. 

Em 1860, tornou-se um jornalista influente, fundando seu próprio periódico, com seu amigo e companheiro Rui Barbosa, chamado “O Radical Paulistano”, onde manifestava sua oposição à escravidão em seus artigos. 

Figura engajada e referência entre os heróis negros, Luís Gama foi um dos grandes defensores da causa no Brasil.

Conheça mais sobre a história de Luís Gama no filme Doutor Gama:

 

 

Pintura preto e branco com enquadramento PP (primeiro plano) de Dragão do Mar, Homem negro com cabelos ondulados e camisa polo

CHICO DA MATILDE, O DRAGÃO DO MAR 

Sob a alcunha de Dragão do Mar, o líder jangadeiro Chico da Matilde entrou para a história do Brasil como herói abolicionista, após ter deflagrado a greve dos jangadeiros, no Porto de Fortaleza, em 1881. 

Pobre, pardo e trabalhador do mar, filho do pescador Manoel do Nascimento e de Dona Matilde Maria da Conceição, Chico da Matilde aprendeu a ler aos 20 anos de idade. 

Quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea, em 1884, Ceará foi a primeira província brasileira a abolir a escravidão, após o movimento dos jangadeiros em Fortaleza, liderado por Chico da Matilde, paralisar o mercado escravista do porto da cidade que, a partir de então, foi considerado fechado para o tráfico. 

Além disso, o Dragão do Mar cedeu sua própria residência para abrigar e esconder negros escravizados foragidos. 

Chico da Matilde é considerado símbolo da resistência popular cearense contra a escravidão e um dos heróis na luta contra a escravidão no Brasil. 

 

Retrato preto e branco com enquadramento PP (primeiro plano) de André Rebouças, homem negro de roupa social, cabelo crespo e nigode

ANDRÉ REBOUÇAS, O ENGENHEIRO QUE QUERIA DAR TERRAS AOS LIBERTOS 

Nascido em 1838, em uma família negra, livre e incluída na sociedade imperial, André Rebouças, engenheiro e inventor brasileiro, foi responsável por diversas obras de engenharia importantes no país, como a estrada de ferro que liga Curitiba ao porto de Paranaguá.  

Engajado e um dos principais articuladores do movimento abolicionista, Rebouças defendia a ideia de que os negros libertos tivessem acesso a terras e a direitos, para serem integrados a sociedade. Além disso, ele também ia contra ao pagamento de indenização para os senhores de escravos em troca da liberdade. 

André Rebouças, juntamente com Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e outros, ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, participou da Confederação Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora. 

Retrato preto e branco com enquadramento PP (primeiro plano) de José do Patrocínio, homem negro de roupa social e gravata borboleta, cabelo cacheado e barba grande

JOSE DO PATROCÍNIO, O ABOLICIONISTA QUE PROCLAMOU A REPÚBLICA  

Farmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político brasileiro, José Carlos do Patrocínio é considerado uma das figuras mais importantes do movimento Abolicionista e Republicano do Brasil 

Filho do Padre João Carlos Monteiro, vigário da paróquia e orador sacro de grande fama na capela imperial, e de “tia” Justina, quitandeira, José do Patrocínio fundou, em 1880, juntamente com Joaquim Nabuco, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. 

Nomeado como tigre da abolição, José do Patrocínio fundou também, com André Rebouças, a Confederação Abolicionista, para unir todos os clubes e associações de luta contra a escravidão no país. Além disso, ajudou na fuga de muitos escravos e na organização de núcleos abolicionistas. A proclamação da Abolição, no estado do Ceará, quatro anos antes do restante do país (1884), é creditada também à sua articulação política. 

No dia 13 de maio de 1888, Patrocínio, juntamente de Joaquim Nabuco e André Rebouças, levaram a Lei Áurea às mãos da princesa regente, princesa Isabel, para que fosse assinada. 

Além disso, muito diferente do contado nos livros brasileiros de história, José do Patrocínio foi o primeiro a proclamar de fato a República, durante a reunião do Conselho Municipal do Rio de Janeiro, declarando extinta a monarquia.  

 

Pintura preto e branco com enquadramento PPP (primeiríssimo plano) de Maria Firmina Reis, mulher negra com cabelo preso em um coque baixo e brinco de argola

MARIA FIRMINA REIS, PRIMEIRA ROMANCISTA BRASILEIRA 

Mulher negra, livre, professora, poeta, compositora e colaboradora de jornais do Maranhão, Maria Firmina dos Reis é considerada a primeira romancista brasileira. 

Filha de mãe branca e pai negro, registrada sob o nome de um pai ilegítimo, Maria Firmina foi a autora do que é considerado o primeiro romance abolicionista do Brasil, Úrsula (1859), e que deu diretrizes para os romances abolicionistas que foram lançados décadas depois, como Navio negreiro (1880), de Castro Alves, e de A Escrava Isaura (1875), de Bernardo Guimarães. 

Com uma postura antiescravista bem desenvolvida e articulada, Firmina foi a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no Maranhão para o cargo de professora de primário. Além disso, oito anos antes da assinatura da Lei Áurea, criou a primeira escola mista gratuita (para meninos e meninas) para crianças pobres. 

Ao longo dos anos, mulheres foram apagadas da história, como se o mundo fosse pensado e realizado apenas por homens. No Brasil, muitas heroínas abolicionistas foram invisibilizadas, e com a Maria Firmina dos Reis não foi diferente. Até seu rosto verdadeiro é desconhecido. 

A escritora, nos registros oficiais da Câmara dos Vereadores de Guimarães, é representada por uma gravura como uma mulher branca, retrato inspirado na imagem de uma escritora gaúcha, com quem foi confundida na época. Já o busto de Firmina, no Museu Histórico do Maranhão, a retrata com traços “embranquecidos”, com o nariz fino e cabelos lisos. 

 

Ouça o Podcast História Preta, onde o historiador Tiago André retrata um pouco mais sobre Luís Gama, André Rebouças, Chico da Matilde, José do Patrocínio e Maria Firmina Ouça o Podcast  

Agora que você já sabe o papel fundamental destes 5 personagens, você deve estar se perguntando, por que não se ouve falar do papel deles na abolição? Isso se deve há um plano de apagamento do protagonismo negro e por isso também que o movimento negro brasileiro criou uma nova data (o 20 de novembro) para celebrar sua cultura, beleza e luta de forma a homenagear zumbi dos Palmares.  

Por isso também é importante a gente fazer um levante histórico para trazer novamente o papel fundamental do povo negro no processo de abolição da escravatura.  

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